Por dentro de quase nada, mas querendo mostrar o que há dentro de mim. Meu nome é Fabiana e às vezes escrevo coisas.

03 junho 2008

Não, obrigada!


Dia desses, eu estava conversando com um amigo que me contava ter feito uma tatuagem. Somente contava, nada - como se não bastasse o relato, ele me mostrou as fotos de todo o doloroso processo. Doloroso até de ver. Não me contive em minha curiosidade e fiz a pergunta mais clichê de todas - "Doeu muito?", "Fabi, - ele respondeu - no começo até dói, mas depois a gente se acostuma com a dor". Noooossa. Acostumar-se à dor? Aquilo foi profundo, pelo que passei a refletir sobre o assunto.

Creio que, filosoficamente falando, na abrangência da palavra viver, está implícito o sentimento da dor. A gente já começa a vida aqui do lado de fora do ventre materno sentindo dor: a dor do frio cortante, a dor de sentir as paredes de nossos pulmões se “despregando” uma da outra para que o ar entre, a dor da luz entrando pela primeira vez em nossos olhos, ou mesmo a dor da palmada do médico para que a gente chore. O choro dura até que encontramos o aconchego dos braços quentes de nossa mãe e do seio que por um tempo nos dará o alimento. Mal sabemos que este é só o começo da grande montanha russa da vida, onde oscilaremos entre momentos de extrema alegria e de dores tremendas.

Sentir dor é normal. É humano. Mas “acostumar-se à dor” foi algo que soou novo aos meus ouvidos. Passei a refletir se, alguma vez na vida, eu já havia deixado que a dor se estabelecesse de tal forma em meu coração que eu me acostumei à sua presença constante. Creio que sim. E creio que isso já aconteceu com você também. Episódios ocorrem em nossa trajetória neste mundo e nos causam dor lacerante no coração. A dor da morte de alguém que se ama, a dor de planos que foram frustrados, a dor de uma traição, de um elo de amizade rompido, a dor de uma depressão que não se cura. Às vezes a dor se entranha de tal forma que parece ter-se aderido à nossa própria personalidade. Aí o semblante decai, o brilho no olho desaparece, a postura se enverga e a pessoa passa a não viver a plenitude do que Deus tem para sua vida; está sempre com aquele fardo da dor sobre suas costas. Acostumou-se a levar aquela carga; muitas vezes nem se lembra quando tudo aconteceu, mas é certo que a dor está ali, aderida ao seu coração.

Por que Deus permite que Seus filhos sintam dor? Será que Ele se agrada em ver nossas lágrimas? De modo algum. Sua Palavra está repleta de mensagens que deixam claro que Deus se compadece da dor de Suas ovelhas: “Tu contaste as minhas aflições; põe as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas no teu livro?” (Salmo 56:8); “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4). Quando estamos debaixo da mão de Deus, ou seja, sob esta proteção especial que somente Seus filhos têm, até mesmo a dor é fruto da vontade permissiva de Deus para que sejamos moldados. “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” (2 Coríntios 7:10); “Melhor é a mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto torna melhor o coração.” (Eclesiastes 7:3). Até a pior dor no coração que um servo de Deus venha a sentir, deve trazer-lhe à consciência que o Senhor está no comando, contando cada lágrima que cai e moldando seu caráter.

Mas o que me veio mesmo ao coração através de toda essa experiência foi uma frase de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Se temos a certeza de que estamos andando conforme a vontade do Senhor, a dor nada mais é do que um aperfeiçoamento, um treinamento. Não podemos deixar que ela nos abata e nos tire do caminho perfeito que o Senhor tem trilhado para nós. Assumamos nossa dor e, antes que ela se infiltre nas paredes de nosso coração, entreguemo-la ao Senhor dos Exércitos, ao rei Jesus. Entremos em júbilo nos átrios do Pai para adorá-lo em tempo bom ou ruim, em dor ou em regozijo. Quando decidimos adorar a Deus pelo que Ele é e por tudo o que já fez, mesmo em tempo de agonia, vemos que a dor e o sofrimento vão embora e dão lugar a um sentimento de paz e a uma “estranha” confiança de que tudo vai dar certo. E, confiando no que Jesus falou, sabemos que Ele toma todas as nossas cargas, pesos, tribulações, preocupações, coloca em Suas costas e, ao tempo certo, nos livra daquela dor. No lugar dela, restam perseverança e ESPERANÇA, e um caráter inabalável. Sentir a dor e saber entregá-la a Deus é sinal de desenvolvimento em nosso relacionamento com Ele. Acostumar-se à dor? Passar a vida rastejando? Não, obrigada. Isso seria “andar pra trás”.

"E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que atribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." (Romanos 5:3-5)

“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer inabaláveis.” (Efésios 6:13)

5 comentários:

Jessyca disse...

Lindo, minha Fabi...Lindo!
Ainda bem que nosso Deus é bondoso, misericordioso, cheio de graça...E na hora da dor a gente pode fechar os olhos e ver que a mão DELE nos cura e troca nosso fardo pra que possamos ser usados pra glória DELE.
Te amo!

Anônimo disse...

Oi Fabiana.
Aqui é o Edmilson, de Brasília-DF. Muito bom o texto. Realmente foi o Espírito Santo que te inspirou a escrevê-lo, e são palavras que falam aos nossos corações. Continue assim...
Beijos, e Deus continue te abençoando grandemente...

Jamile Fernandes disse...

Tava ansiosa por esse...superou a minha expectativa, viu? GLÓRIA À DEUS!!!
Amo mais ainda!!!

Anônimo disse...

As minhas dores têm me dado experiências, vitórias...e principalmente aconchego nos braços do Pai!
Amo vc minha bênção...rsrs

Anônimo disse...

Fabi, que saudades! Semana passada o pai de uma amiga morreu e eu pedi muito a Deus que me desse alguma palavra de consolo para dizer a ela e sua família. Aí entro aqui e leio esse seu texto...Vou guardá-lo por toda a vida! Bjs da sua prima Lu.