Por dentro de quase nada, mas querendo mostrar o que há dentro de mim. Meu nome é Fabiana e às vezes escrevo coisas.

30 outubro 2010

A felicidade e as tais horinhas de descuido


Mais um texto da amiga Jamile Fernandes que, com toda certeza, vai pra dentro do meu coração.

Tenho uma amiga que todas as senhas dela são: felicidade. Admiro muito pessoas felizes, principalmente aquelas que são sem motivo, como Carlos Drummond de Andrade dizia “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”. Acho que pode começar por aí, já sabia disso na teoria, mas na prática...foi preciso até terapia. Como é ruim não se sentir feliz, sempre fui séria demais, responsável demais, medrosa demais, enfim...tudo demais, menos feliz demais. Foi preciso umas boas bordoadas da vida pra fazer sentido pra mim o que ninguém menos que Gandhi afirma, segundo ele não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.

Putz! Como chatice repele, experiência própria...e sem essa de motivos, hoje não acho mais que nem morte, separações, dores e afins são motivo, mas já achei demais e me sentia super protegida pelos tais...mas isso é coisa pra viver um dia de cada vez, porque tem dia que o cabelo não ajuda, que você se comove mais com as suas dores e as do mundo inteiro do que outros dias, enfim...tem dias que o bicho pega! Mas isso é variação do tempo, não é meu clima. Não mais.

Talvez hoje seja um dia assim e escrever me ajuda a fazer que ele não termine assim, porque já percebi que mantras não adiantam, nem versículos decoradinhos, o negócio (pelo menos comigo) é confrontar mesmo e disso não abro mão, deu tanto trabalho entender. Mas que valeu muito a pena, valeu! Tô aprendendo todo dia a perceber as minhas horinhas de descuido preferidas, tipo a de sentar e escrever, outra ótima é fechar o olho e ficar ensaiando os passos do jazz sozinha em casa, e quase morrer de rir de mim mesma quando abro o olho e que tal descobrir o novo cd da Vanessa da Mata? Recomendo a musiquinha “O masoquista e o fugitivo - Há gente que escolhe sorrir, há gente que escolhe chorar, você escolheu a segunda opção, e eu escolhi sair não gosto de masoquismo, eu prefiro me divertir...eu insisto em ser feliz, mesmo que minhas condições me testem.” Ou ainda ir visitar um velho amigo, quem sabe...escrever (sim, à mão!) pra quem está morando longe, o bom é que essa lista pode sempre aumentar...só vivendo pra saber.

Dizem que para ser feliz não tem idade, que é preciso deixar de fazer da vida um tratado. O Jabor acha que a idiotice é vital para a felicidade. Eu fico com todas as opções, melhor arriscar todas nem que seja só pra não perder a viagem.

Sem a pretensão de dar receita alguma, como já disse, preciso só me exorcizar...desejo que nunca seja fácil essa busca por ser feliz, pra não perder o valor, só preciso que seja realista, diferente do que está na televisão, na verdade, diferente de tudo que já vi, todo dia! Tudo bem, precisa de muita criatividade! Felicidade de estar correspondendo às expectativas da sociedade? Não, obrigada! Li dia desses um texto da Martha Medeiros onde ela dizia que pra ser feliz é preciso fazer o possível e aceitar o improvável. Quanto a ter filho, adotar, encontrar alguém que valha a pena viver junto, ter dinheiro o suficiente pra me sentir segura, nunca aprisionada, voluntariar e tantas coisinhas que não caberiam nesse texto...continuo querendo sim! Se isso é condição sine qua non pra ser feliz? Aí é outro assunto!

Ah! é importante também não ser tão duro com quem ainda não descobriu sua própria receita de felicidade, das pessoas que desaprenderam ou ainda nem começaram a brincadeira. Tolerância faz parte sim! E pra terminar, o mais importante...“feliz aquele que teme ao senhor e anda nos seus caminhos.” Salmos 128

25 outubro 2010

Necessidades especiais

Estou trabalhando numa ONG que cuida de pessoas com necessidades especiais. Saí do Brasil e vim pra Irlanda pensando: “Oba, vou cuidar de pessoas!”. Quanto engano... Elas que cuidam de mim e eu, que pensava que ia ensinar alguma coisa, estou aprendendo com elas lições que vou levar comigo pra vida inteira.

Elas me fizeram refletir sobre o que é ter necessidades especiais. Na verdade, olho pra elas e vejo pessoas felizes, desenvolvidas, com uma alma voluntária, um sorriso constante e uma paciência pra tentar entender o universo ao seu redor. Muitas vezes ao contrário de nós, pessoas “sem necessidades especiais”, eles conseguem encontrar alegria na simplicidade das coisas que as cercam – no agradecimento a Deus pela comida, cultivar uma flor, pintar um quadro, moldar a argila, tudo é motivo pra sorrir.

Posso citar exemplos. Conheci Paul*, que não pode falar adequadamente e tem deficiência motora em grau médio. No entanto, é impossível chegar à sua casa e não receber sua ajuda: ele tira nosso casaco, carrega nossa bolsa, mostra o caminho até a sala de estar e gesticula, tentando desenvolver uma conversa amigável. Matthew* tem Síndrome de Down. Cozinha comigo todos os dias e sempre que lhe peço algum favor, este me responde amorosamente e me dá um abraço. (Disse até que não me deixa voltar para o Brasil nunca mais!). Tânia* não distingue muito bem o que é realidade e o que é fruto de sua imaginação. No entanto, consegue ver algo positivo em todas as situações – até a mais murcha flor é bonita para ela, que não se cansa de elogiar o dia, nosso cabelo, o jogo de futebol na TV.

Aí me pego pensando quem REALMENTE tem necessidades especiais: eles ou eu? Porque, para estar feliz, preciso de saúde, dinheiro, amigos, situações climáticas apropriadas, casa, comida, roupa limpinha, todo mundo de bom humor ao meu redor e mais uma lista infindável de condições cuja ausência, algum dia, já me causou desconforto. Para eles ficarem bem, basta uma mãozinha pra colocar o açúcar no chá, abrir uma porta, empurrar uma cadeira de rodas. Todo o resto já está maravilhoso. Fico me perguntando se algum dia vou assimilar que, pra entender a graça de Deus, tenho que encontrar alegria nas coisas simples, no simples fato de ter o dom da vida e conhecer o Criador. E “necessidades especiais” tenho eu, ponto.

*Nomes fictícios.




Texto publicado no blog Cotidiano e Fé, do jornal O Povo, no dia 24/10/2010.

13 outubro 2010

Um novo COTIDIANO, a mesma FÉ


Certa vez, Jesus disse que para sermos seus seguidores é bem provável que tenhamos que abandonar pai e mãe, pegar nossa cruz e segui-lo. Há alguns dias, isso aconteceu comigo – fui desafiada a deixar família, emprego, amigos, igreja e muita coisa que amava para poder seguir um caminho que, segundo o que Deus colocou no meu coração, é o correto.
É tão bom quando já temos a nossa vida toda estruturada, quando podemos contar com aquelas pessoas no trabalho, quando sabemos que tem sempre alguém nos esperando em casa, quando as situações nos fazem pedir socorro a um amigo no fim do dia, só pra desabafar. Só tem um detalhe: quando colocamos nossas vidas nas mãos de Deus, é ELE quem passa a tomar conta de tudo. E, conforme sua soberana vontade, tudo pode  mudar de um momento para outro. Ele me tirou desta “estabilidade” e me mandou pra um país distante, com outro fuso horário, onde se fala outra língua, onde as pessoas agem de forma diferente, onde o clima é meio maluco. É nesse lugar estranho onde finalmente estou aprendendo a depender somente de Deus. Não que eu não tenha mais parentes e amigos – eles estão sempre comigo em meu coração; só que o dia inteiro somos eu e Deus. Se acontece algo engraçado, rio com Ele. Se algo me frustra, desabafo com Ele. E, sabe… não há melhor sensação neste mundo!
Deus pode, muitas vezes, fazer conosco tal como fez com João Batista: nos colocar em desertos para que possamos ouvir melhor a Sua voz e assim descobrir o propósito de nossas vidas. João descobriu que andava por aí para anunciar que o Messias estava chegando. Então… seja para me designar uma missão tão honrosa quando esta ou apenas pra falar em particular comigo, tudo já está valendo a pena – Deus é o melhor companheiro que se pode ter. Sentir Sua presença como meu melhor amigo, meu protetor e meu conselheiro é simplesmente maravilhoso. E que venha o novo cotidiano; a fé neste Deus maravilhoso continuará a mesma, sempre.
Texto publicado em 13/10/2010 no blog Cotidiano e Fé, no Jornal O Povo.

29 setembro 2010

Por enquanto por aí...

E não é que eu voei mesmo? Deus me levou pra terras longínquas, por sei lá quanto tempo e sei lá pra quê. Só sei que estou segura em Suas mãos e Ele tem sido minha melhor companhia dia após dia. Relato tudo no blog http://porenquantoporai.blogspot.com. Mas continuo por aqui também, compartilhando o que Deus tem colocado no meu coração.

19 agosto 2010

Uma feliz exceção à regra

“Nasce, cresce, reproduz-se, envelhece e morre.” Não sei se continua sendo ensinado desta forma, mas no tempo em que aprendi na disciplina de Ciências este era o ciclo de vida do ser humano. A minha cabeça fantasiosa sempre procurava as exceções: “Ok, ele nasce. Mas e se não cresce e fica anão? E se não quiser ter filhos? E se morrer antes de envelhecer?” Aquela sequência sempre foi meio furada para mim.

Interessante como a tendência aos ciclos óbvios nos persegue durante toda a vida. A disposição que todo mundo tem em seguir determinada ordem dos fatores para se enquadrar, para ser aceito, para ser feliz. Lembro-me bem que demorei um pouco a tirar carteira de motorista; a princípio porque eu não ligava pra isso. Depois, todos na faculdade, antes mesmo de entrarem ali, já dirigiam. Era a “ordem das coisas”: terminar o ensino médio, tirar carteira, entrar na faculdade dirigindo. Eu estava atrasada. Ou invertendo a sequência. Uma amiga largou os estudos para ir a uma escola de missões. Quase um escândalo na família, pois o passo seguinte ao vestibular, era levar o curso até o fim, e não suspendê-lo para fazer o que quer que fosse. Ouvi que alguém tinha uma ótima proposta de emprego, ou que ia casar, mas optou por viajar para a África e fazer trabalho humanitário. Fulano largou tudo e foi ser músico. Beltrana descobriu que seu maior prazer está na vocação religiosa – deixou de ser advogada e foi ser freira.

Estes são exemplos de pessoas que não seguiram o óbvio da vida. Deixaram seu coração, suas vocações, a voz de Deus falarem mais alto do que todas as outras vozes ao seu redor. Quebraram barreiras em si mesmas, romperam paradigmas nos outros, foram exceções à regra.

Pode-se dizer que o Evangelho hoje está por aí – nos livros, nas igrejas, na mídia, em folhetos, na boca de evangelistas ou em conversas num bar. Deixar Jesus Cristo fazer parte de nossas vidas é um grande passo a ser dado. No entanto, neste contexto, ainda me incomoda viver uma vida como “todo mundo”, seguindo a velha “ordem das coisas”, de ser a mesma pessoa de sempre, com a diferença de que irei à igreja aos domingos. Acredito num Espírito Santo expansivo – que mora dentro de nós, que alarga nossos horizontes e nos instiga a viver mais do que essa regra do “todo mundo”. Creio num Deus que, mesmo no meio de nossa rotina corrida, é capaz de nos mostrar espaços onde podemos deixar seu Espírito Santo agir através de nós, invertendo a ordem, saindo do óbvio, tocando vidas, fazendo algo em prol do próximo ou, quem sabe, da humanidade ou do planeta. Acredito num Pai carinhoso que, com todo amor nos questiona: “E aí, filhinho(a)? Como posso HOJE fazer a diferença neste mundo através de sua vida?” Qual a nossa resposta para este chamado? Seria um SIM, mesmo que isto implique fugir à regra?

Texto publicado em 19/08/2010 no blog Cotidiano e Fé, no Jornal O Povo.

13 agosto 2010

MEDO


Acordei.
Medo de que meus sonhos não se realizem.
Medo de chegar atrasada no trabalho.
Medo de não dar tempo de fazer tudo o que tenho que fazer hoje.
Medo de engordar – que pão gostoso, esse!
Medo desse trânsito, com esses motoqueiros em suas máquinas velozes.
Medo desse homem que pede para limpar o vidro do carro.
Medo dessa audiência de hoje – o que devo falar?
Medo de fazer esse relatório. Medo da reunião sobre o relatório.
Medo desse cara do outro lado da rua… estranho.
Medo de, no dia seguinte, viver outro dia de medo.


MEDO! É incrível como ele é sempre tão presente. Tão humano, mas tão incômodo. Dia desses fiquei de contar quantas vezes sentia esse frio na barriga, a boca seca, os batimentos acelerando – sempre ele. Perdi a conta. Partindo do pressuposto que Jesus é meu Salvador e companhia diária, que Ele me dá segurança mesmo na morte, que promete acampar Seus anjos ao meu redor, que garante estar comigo em todo o tempo, senti-me culpada por sentir tanto medo. E olha que nem me considerava uma pessoa medrosa, mas, diante desses fatos, nem sei como me defender.
Cheguei a uma conclusão: talvez eu não tenha muita noção do tamanho do amor que Deus dispõe sobre minha vida. Por que penso isso? Com base em um princípio bíblico bem básico: “No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.” (I João 4:18). Preciso aperfeiçoar-me no amor de Deus. Entendê-lo com profundidade. Só então passarei a crer que não preciso temer nada. Não que daí em diante Deus me colocará numa redoma ou me dará superpoderes para que eu não tema absolutamente nada. No entanto, terei confiança em meu coração de que até as coisas ruins virão para moldar meu caráter, e até a coisa mais temida neste mundo – a morte – me levará para junto daquele que olha por mim dia após dia.
Talvez eu precise mesmo entender mais este amor, amar mais a Deus e às pessoas. E assim espantar todo o medo pra viver com plenitude o que Deus tem pra mim.
Texto publicado em 13/08/2010 no blog Cotidiano e Fé, no Jornal O Povo.

10 agosto 2010

Sobre crianças e eternidade


Vi um grupo de crianças brincando. Um monte de concreto era um barco, pedras eram torpedos e diziam estar cercadas de tubarões. (Foi impressão minha, ou eu mesma era considerada um desses tubarões, pelo jeito que uma das crianças apontou ameaçadoramente pra mim?). Eu estava ali bem perto, encarregada de cuidar do filho de amigos meus, que brincava naquele grupo de pessoinhas. De repente, já tinham asas, estavam no espaço e todos ao redor eram alienígenas. E a brincadeira prosseguia.

Fiquei pensando: criança pode ser o que quiser. Ela nem sabe o tamanho da vida, nem imagina que está só começando. Só tem a firme e inocente convicção da eternidade, bem como a certeza de que as possibilidades são tantas que a vida se torna uma deliciosa aventura. Morte? O que é morte? Quem lhe explicaria este evento? Nem se quisessem… Em seu coração tudo dura para sempre.

Pensei ainda: Deus quer que tenhamos o coração como o de criança. “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo.” (Mateus 18:3-5).

Ser como criança engloba vários aspectos. Naquele dia, o que mais falou comigo foi essa sensação boa que só Deus pode dar de que o mundo pode ser o que quisermos – basta um olhar diferente, uma atitude diferente. Basta entendermos que a eternidade é real e que o Pai quer que tenhamos esta visão de que realmente podemos ser o que desejarmos, desde que isso sirva para engrandecer o Seu nome.

Que bobos somos nós quando pensamos que mais ensinamos do que aprendemos com as crianças. Elas são verdadeiros mestres das verdades de Deus.


Texto publicado no dia 10/08/2010 no blog Cotidiano e Fé, no Jornal O Povo.




20 julho 2010

Enfrente o gigante!

No último domingo, em minha igreja, logo na entrada recebi uma pedrinha branca onde havia escrito “ENFRENTE O GIGANTE”. Houve um teatro que, de forma engraçada e interativa, remontou a batalha entre os filisteus e o povo de Israel, entre o gigante Golias e o pequeno Davi. O engraçado é que esta representação do antigo episódio me fez refletir demoradamente na dimensão do que Deus fez tanto tempo atrás.

Explico: para alguém que, como eu, nasceu na igreja e “desde sempre” escuta histórias como a de Davi e Golias, muitas vezes a aceitação dos fatos bíblicos passa a ser uma coisa meio automática e comum. Confesso que em diversas horas não tive a dimensão do milagre ao lê-lo na Bíblia simplesmente porque já era uma história que eu escutava desde criança. Só aos poucos é que Deus vai me permitindo redescobrir as maravilhas de histórias que eu sei assim, “desde sempre”. É tardio, mas, ao mesmo tempo, fabuloso. Não saberia descrever a alegria que me dá quando, numa situação de meu cotidiano, identifico uma verdade que Deus plantou no meu coração há anos, mas que só naquele momento se concretiza; é como se o próprio Pai desenhasse pra mim.

Assim aconteceu domingo, quando olhei para a pedrinha que clamava para eu enfrentar o gigante. Tudo se tornou muito real: o menino franzino, o soldado muito grande, dois povos em guerra, a honra de Deus sendo desafiada e, enfim, o milagre – uma pedrinha quase insignificante, no entanto suficiente para levar Golias ao chão. Ao mesmo tempo, me veio à mente meus problemas e minha dificuldade em afrontá-los. Tenho muitos “Golias” em minha vida: protelação de atitudes que tenho que tomar para crescer ainda mais, desânimo, impaciência. São gigantes que tenho que encarar todos os dias e que, muitas vezes, acabam por zombar de mim por não vencê-los.

Pois bem, cá está a pedrinha, bem abaixo da tela de meu computador. Resolvi deixá-la aqui para lembrar de que os gigantes sempre existirão, mas que, embora pequena como Davi, tenho um Deus tão poderoso que é capaz de com uma simples pedrinha derrubar todos os obstáculos que me impedem de vencer nesta vida.

Publicado em 20/07/2010 no blog Cotidiano e Fé, no Jornal O Povo.

03 julho 2010

Futebol e fé


Vou confessar que não tenho um patriotismo exacerbado quando o assunto é futebol. Como a maioria das mulheres, meu esporte preferido passa longe da jabulani, traves e gramado. Gosto de dança, de artes marciais. Contudo, sei que até o mais cético dos céticos é capaz de descer de seu patamar de indiferença ao ver o que acontece no Brasil em dia de jogo de Copa. Ruas enfeitadas, pessoas vestidas em verde e amarelo, sorriso no rosto e algo que ultimamente não se vê muito: FÉ.
Ora, não é a fé “a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”(Bíblia, livro de Hebreus 11:1)? Então! O brasileiro acorda sem ter certeza se seu time vai vencer. Ainda assim, põe a camisa e sente uma alegria diferente inundar seu peito quando imagina que SIM, que tem possibilidade de ao final do dia gritar de alegria porque o time do seu coração mais uma vez superou o desafio.
Pra falar a verdade, nunca antes tinha pensado por este lado, mas o povo brasileiro chega perto de compreender o sentido bíblico de fé. É crer em algo que alguns julgam nem existir. É vislumbrar um fato que sequer aconteceu. É acreditar que o desafio vai chegar, mas que é possível vencê-lo.
Na singeleza do sentimento patriótico de meu povo posso identificar uma grande porta de entrada para o entendimento de um dos princípios mais lindos em nosso relacionamento com Deus. Vida com Jesus é assim: acordar e não ter certeza do que pode acontecer até o fim do dia, mas ter sempre no coração um sentimento “esquisito” de que tudo fica bem quando nossa vida (nosso time!) está depositada nas mãos do melhor amigo (da melhor seleção!) que poderíamos ter. Só que, com Ele, não tem erro – pode haver prorrogação e até pênaltis (e como dá um frio na barriga ver tudo isso!), mas EM JESUS, o desfecho é certo: a VITÓRIA! Jesus já morreu na cruz por nós e quer nos livrar de toda ansiedade. Eu confio nesse Jesus para batalhar por mim em todos os “jogos” dessa vida.
E você, em quem põe a sua fé?
Publicado em 02/07/2010 no blog Cotidiano e Fé do Jornal O Povo.

30 junho 2010

Só a bailarina que não tem

“Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem
um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem...”

(Ciranda da bailarina, Adriana Calcanhoto)

Quase todo culto ela está lá – a pequena bailarina, “atracada” com sua mãe. Tem cerca de dez ou doze anos de idade, deve vir da aula de balé (sua roupinha não nega). A mãe, uma senhora de quase meia idade, traz sempre um lenço amarrado em sua cabeça, o que denota seu estado de saúde fragilizado.

Não foi a roupa de balé ou a doença da mãe que me chamou a atenção – foi a fé daquela criança. Quando convidados a fazer oração, a menina fechava os olhos com força e agarrava o braço da mãe, como se pedisse “Deus, deixa minha mãe sempre aqui comigo?”. Lembrei da música transcrita acima, que brinca com o fato de tudo na vida da bailarina ser muito perfeito, muito cor-de-rosa, sempre sob os holofotes, como se viver fosse um eterno espetáculo.

O fato é que a vida de ninguém é perfeita; muitas vezes traz batalhas ferrenhas, não escolhendo raça, classe social, aparência, crença ou idade. A vida da pequena bailarina nada tem de perfeita; pelo contrário: traz desde cedo o medo de perder a mãe. Faz diferença a atitude que tomamos frente aos problemas – a dela foi de apegar-se àquilo que ninguém pode lhe tirar: a fé num Deus que opera o impossível. Mesmo nessa idade ela já entendeu a dinâmica de como viver bem: aceitar que nem tudo é colorido, mas que podemos sempre guardar em nosso coração uma fé inabalável de que tudo pode melhorar graças a Deus, de fato.

Publicado em 30/06/2010, no Blog Cotidiano e Fé, do Jornal O Povo.

16 maio 2010

Pedras gritantes


Tenho uma grande amiga que atualmente está morando em uma pequena cidade ao sul da Espanha. Apesar da distância, nos falamos quase toda semana e, dia desses, ela me contou uma história interessante.

Ela tem uma colega de trabalho cuja vida é bastante complicada - depressão, drogas etc. Logicamente, como toda boa cristã, tenta levar sua amiga pra igreja, falar de Jesus pra ela. Essa tarefa nem sempre é fácil; sei bem como muitas vezes, falando de Jesus pra alguém, a pessoa me olha como se fosse alienada, ou como se vivesse num conto de fadas e ainda acreditasse na carruagem da Cinderela. É, Jesus é meio absurdo pra esse mundo de hoje.

Depois de algumas tentativas aparentemente frustradas, num belo dia, esta amiga chegou lhe contando um episódio curioso que tinha lhe acontecido. Estava numa praça, quando uma cigana se aproximou. Pensou que esta se ofereceria para ler sua sorte. No entanto, aquela cigana pediu sua atenção e começou a falar-lhe de Jesus.

Pausa.

Ciganos falando de JESUS??? Como assim? Voltemos um pouquinho na história. Ciganos são um povo nômade e, exatamente por isso, não possuem registro histórico escrito acerca de sua origem. O preconceito que sofrem chega a ser justificado com o uso da Bíblia, dizendo que são descendentes de Caim, portanto malditos. Existem inclusive lendas que dizem que eles fabricaram os pregos usados para crucificar Cristo, ou que roubaram o quarto prego, causando maior sofrimento na crucificação do Salvador.

Aqueles que vagam pelo sul da Espanha, como na cidade da minha amiga, são os mais pobres, chamados gitanos, e qualificados como raça ruim, ladrões, trapaceiros. Ora, de um povo de quem não se espera nada bom, a Palavra de Deus está sendo anunciada. Fiquei me perguntando como Deus deve ter tocado o coração daquela cigana. Nem imagino. O que sei é que não podemos encaixotar Deus e pensar que Ele só vai até onde o nosso próprio pensamento vai. Ele é MAIOR e vai muito ALÉM. Recordei-me do versículo de Lucas 10:40, onde Jesus falava que se seus seguidores calassem a boca, as pedras gritariam.

E o que temos aqui nesse episódio? PEDRAS GRITANTES! Vejo Deus, com Seu poder ilimitado, usando meios que nunca imaginaríamos para anunciar a grande e boa nova que é Jesus, Seu Filho, Salvador, estendendo os braços para todo aquele que necessitar e abrir seu coração. Muitas vezes nós, que nos julgamos cheios do amor de Deus, nos calamos, nos acomodamos. Nem por isso o que é preciso ser dito deixa de ser anunciado. Deus usa o cigano, o índio, o analfabeto, a jumentinha (ver livro de Números, capítulo 22) e até as pedras para anunciar que Jesus Cristo é Salvador.

Meu coração se alegra em saber que povos aparentemente não alcançados pela Bíblia, na verdade, estão sendo usados por Deus. Só não quero sentir o peso na consciência de pensar que Ele vai usar as pedras caso eu me cale. Quero me calar é nunca! Deus colocou tanta coisa boa no meu coração, que o mínimo que posso fazer é transbordar isso por onde quer que eu passe. Inclusive por aqui.

17 abril 2010

Quero ser mãe (2)


Este foi o cometário de minha amiga Cleoneide, postado na última quinta-feira. Com a devida autorização, publico-o, pois está cheio de muito amor e tem tudo a ver com o post anterior. Obrigada, Cleo - pelo texto e pelo testemunho!

"Quando descobri que minha filha tinha diabetes tipo 1, e que iria ser dependente de insulina por toda a sua vida, e sabendo de todas as dificuldades que uma pessoa diabética tem, comecei os meus"por quês". E um dia estava indo para o hospital pois já estava com 10 dias que minha filha estava internada, e no caminho da viagem comecei a chorar dentro do onibus, questionando a Deus o por quê estava acontecendo isso com a minha filha, de repente entra uma senhora pela porta da frente com muita dificuldade para subir no ônibus, pois a mesma estava com a filha em uma cadeira de rodas, e a filha dessa senhora nao andava, nao enxergava, e essa senhora apesar de toda dificuldade estava com um sorriso lindo, e sentou-se ao meu lado e começou a cantar um louvor, e a sua filha tambem com um sorriso maravilhoso. Naquele momento eu senti tanta vergonha de mim, me senti uma passoa horrível e egoista, pois vi que o que eu estava passando nao era nada comparado à dificuldade daquela senhora, e ela, ao contrario de mim, estava feliz da vida, enquanto eu só sabia reclamar, questionar, chorar, e pra completar o meu dia, ao chegar no hospital a minha filha que na época tinha 3 anos de idade, ao me ver chorando, me deu um beijo e disse: 'Mãe, Deus é bom." Então, Fabi, desse dia em diante entendi que Deus realmente é BOM, e que as tribulações que passamos servem para nos tornarmos seres humanos melhores, sem egoísmo. Hoje em dia ainda tenho uns "por quês", mas com certeza agradeço muito mais a Deus não só pela vida da minha filha, como também pela vida da filha daquela senhora que me ensinou muito mesmo sem ela saber."
Quinta-feira, Abril 15, 2010 10:46:00 AM

14 março 2010

Quero ser mãe!

Fortaleza, 11 de março de 2010.

Calma. Não é um apelo desesperado para que Deus pule algumas etapas (por sinais essenciais) em minha vida e me dê logo um filho. Não tem nada a ver com vontade de casar, constituir família, não... Não neste post. Explicarei.

Hoje meu dia foi muito corrido - MUITOS problemas pra resolver. Só sei que fiquei logo cansada, com aquela tensão nas costas, o humor também não estava lá essas coisas. Enfim, tinha tudo pra acabar o dia "enterrada" em minha cama, pedindo pra que o outro dia chegasse logo, como várias vezes já fiz. Ocorre que uma das melhores partes de viver ao lado desse Deus maravilhoso é saber que Ele é surpreendente. E não é que, apesar de saber disso, Ele ainda consegue me surpreender de forma inimaginável?

Eis que pego carona pra casa com uma amiga minha do trabalho. Recentemente ela teve um bebê que nasceu com um problema de saúde; ele teve que sofrer uma cirurgia com poucos dias de vida e minha amiga me contava que agora ele iria passar por outra operação tão séria quanto a primeira. Senti se formando um nó em minha garganta e começou aquela minha tão companheira vontade de chorar. Em minha mente eu perguntava: "Por que, Deus?... Uma criança tão pequena, já sofrendo isso tudo! Olha o estado dessa mãe...". Acho que Deus já me perdoou por todos os "por quês" que eu já fiz e que vou fazer daqui pro resto da minha vida (pergunto isso DEMAIS!), pois Ele tem sempre a resposta na ponta da língua. 

Depois de expor a situação delicada em que o filhote se encontrava, minha amiga começou a explicar (ou tentar explicar!) como era a sensação de ser mãe, de ter um "negocinho" que você ajudou a colocar no mundo, que tem a sua cara, os seus gens. Só que o que mais me tocou em seu depoimento foi quando ela falou que AGORA tinha um pouco de noção de como era o amor de Deus por nós. Ora, se uma criaturinha daquela, que passou quase 2 meses na UTI neonatal logo após o nascimento, quase sem dar feedback, já gerava um amor imenso em seu coração pelo simples fato dela ser sua MÃE, ficava fora de cogitação tentar mensurar o tamanho do amor de Deus por nós ao enviar seu único filho em sacrifício por nós. É amor grande demais, gente!!! 

Pensei: "Caramba. Nem tenho filho. Eu que não tenho mesmo noção do tamanho desse amor aí." Volta e meia penso que conheço Deus, que sei Sua forma de pensar e demonstrar seu amor. Que nada. Sei de nada. Hoje me toquei de que ainda sei menos sobre amor de Deus do que essa minha amiga. Mesmo assim, através de seu testemunho, pude contemplar um pouquinhozinho mais desse AMORZÃO do meu Pai. E vi que esse amor é tão autêntico que, até mesmo as tribulações, como esta que minha amiga está passando, servem para nos ensinar mais sobre o Senhor e Sua essência.

"Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo [...] para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus."
(Efésios 3:14, 17-21)

07 março 2010

Sobre a paixão...

(Transcrito de um papel vermelho, branco, azul e preto, todo rabiscado, informe publicitário da revista TAM nas nuvens, edição de fevereiro de 2010.)

Sobrevoando algum estado entre o Ceará e São Paulo, 01 de março de 2010.

Todos nós temos paixões. E é certo que acontecem fatos durante o dia que inspiram estas paixões, acendendo-as, avivando-as, tornando-as quase insuportáveis de se conterem dentro do peito. ESCREVER é uma de minhas paixões. Sair da rotina me inspira. Viajar me inspira. Ler crônicas cotidianas de Martha Medeiros definitivamente me inspira! E isso tudo está acontecendo neste exato momento - saí da rotina para viajar para SP e, na livraria do aeroporto, comprei um livro da autora. Fiquei então com uma vontade incontrolável de escrever e, adivinhem... nem sinal de um bloquinho de papel em branco por perto. Nem um guardanapo. "Droga! Será que as companhias aéreas não pensam nos clientes que sofrem ataques de compulsão pela escrita?" - pensei. Depois me toquei que ter pessoas assim a bordo não deve ser tão comum. Então, dentro da minha discreta excentricidade, não me incomodei em puxar a revista da TAM e procurar uma página com espaço razoável para que eu pudesse dar vazão a esta fúria das palavras dentro de mim.

Queria falar sobre paixão. De fato, ela é minha companheira fiel, pois não sei fazer quase nada com excelência sem que ela esteja de mãos dadas comigo. Mas não me refiro à paixão tão comumente falada  por aí. Não falo daquela que nos tira a razão e nos faz cometer insanidades; nem daquela que destrói lares, que exclui princípios; tampouco daquela que nos tira o chão quando se ausenta. Falo das paixões colocadas por Deus em nossas vidas. Pelas coisas simples. Paixão por estar com os amigos, que são verdadeiros presentes dos céus. Paixão por fazer um trabalho bem feito e ter a certeza de que, profissionalmente falando, se está no lugar onde Deus queria que estivesse. Paixão por ler um bom livro e agradecer ao Pai pela vida, saúde e criatividade de ser teletransportada para vários mundos através da leitura. Paixão por cantar, dançar, por ESCREVER!

A paixão, apesar de seu efeito devastador quando advinda de fontes equivocadas (como pode acontecer com todos os demais sentimentos), é algo permitido por Deus em nosso coração para dar um colorido especial à vida. É tão bom pensar em algo que gostamos de fazer e que sabemos que foi colocado por Deus em nosso ser e, de repente, sentir aquele instigante frio na barriga! É assim que me sinto agora - apaixonada por Deus me dar a oportunidade de quebrar minha rotina e esquentar minha paixão por escrever sobre como Ele é maravilhoso em me permitir ser tão humana a ponto de me apaixonar SIM, mas pelas coisas Dele.


Mais uma vez, OBRIGADA, DEUS!


Fabi


23 fevereiro 2010

Não existe racismo no Brasil

 
Ontem, tomei um ônibus na avenida Ipiranga, em frente ao famoso edifício Copan, em direção ao cruzamento das avenidas Rebouças e Henrique Schaumann.

Estava indo do emprego que tenho de manhã para o que tenho à tarde.

Como de costume, escutava música com o fone de ouvido. O ônibus estava cheio e, assim que passei a catraca, encostei ao lado do cobrador, na porta que não iria abrir até o ponto em que eu desceria.

Uns dois pontos depois, percebi uma certa agitação que os fones de ouvido faziam ser silenciosa. Tirei-os para tentar entender.

Na parte da frente do ônibus, havia um senhor de idade, negro, pobre, com as roupas sujas de tinta, sentado em um dos bancos reservados para gente justamente como ele – de idade. O lugar ao seu lado estava vazio.
Então, uma senhora, branca, também pobre – já que andava de ônibus -, tomou o ônibus procurando por um lugar vazio. A um metro do banco, parou. Olhou para o senhor com espanto e virou as costas, reclamando que era um absurdo ter que sentar “com esse tipo de gente”.

Mais à frente, em outro banco reservado, mas daqueles pra acompanhantes de pessoas em cadeiras de rodas, uma mulher estava sentada. Ela assistia à cena, assim como o cobrador, eu e outro rapaz que acabara de passar a catraca.

A senhora branca virou para essa mulher e disse:

- Minha filha, me deixe sentar aí.

A mulher respondeu:

- Não. Tem um lugar livre do lado daquele senhor, a senhora que sente lá.

O conflito, ao contrário de inúmeros dos casos semelhantes de racismo no Brasil, estava posto, escancarado.
A senhora branca foi resmungando até a frente do ônibus, ao que parece, falar com o motorista. Perto da catraca, eu, o cobrador e a mulher lamentávamos com a cabeça ter que presenciar esse tipo de atitude.

Olhei para o senhor negro. Seu olhar, que antes já era de constangimento – afinal, ele era negro, pobre e ainda por cima com roupas sujas, quase um crime, uma ofensa ao mundo -, agora misturava um certo temor por uma confusão na qual ele não queria estar, e sobre a qual ele não proferiu uma palavra sequer. Estava apenas sentado no ônibus, exercendo nada mais que um direito.

A mulher que enfrentara a senhora branca, então, levantou-se.

Foi sentar ao lado dele, cumprimentando-o.

Não vi se foram conversando durante a viagem, pois tive que descer logo adiante. Mas aquele pequeno ato de solidariedade me deixou comovido.

Dias atrás, li um artigo de um desses acadêmicos que a mídia compra pra defender suas posições. Ele dizia que a política de cotas nas universidades ia contra o próprio texto da Constituição brasileira, e que o racismo não existe no Brasil.

Hoje, percebo que sou obrigado a concordar. Não existe racismo no Brasil. Seria muito melhor se existisse.
Porque haveria confronto, ao invés desse apartheid silencioso, escondido nos pequenos gestos que revelam um costume secular de discriminação aos pobres e aos negros – e, principalmente, aos negros pobres.

Quanto não se descobre ao tirar o fone de ouvido; imaginem então se todo mundo resolvesse tirar os tapa-olhos feitos de papel jornal que estamos (mal) acostumados a usar…

Retirado do blog Kadj Oman
http://manihot.wordpress.com/

16 janeiro 2010

A história da Igreja


Essa é digna de ser postada aqui e ter a notícia espalhada por aí - já está no site da IBC a apresentação que fizemos no primeiro domingo deste ano, que conta a história da Igreja ao longo dos tempos. Se tiverem uma horinha pra assistir, vale a pena ver como a presença de Deus se transforma em criatividade quando nos disponibilizamos a divulgar o que Ele tem feito em nosso meio. Obs.: Eu dançeeeei!

Segue o link:
http://www.ibc.org.br/site/?page=multimidia&multimidia=multimidia/videos&id=55&t=mensagens

11 janeiro 2010

IDENTIDADE





Acho que juntei muita responsabilidade ao atrasar a publicação do meu blog. Um monte de amigos perguntou quando eu ia postar, pessoas que eu nem sabia que liam o blog me chamaram a atenção por não ter mais escrito nada... Enfim, tenho sentido o peso do que é compartilhar as coisas que o Senhor tem feito em minha vida com o resto do mundo. Eita!

Saí de casa e vim a uma delicatessen aqui pertinho pra poder pensar no que escrever (a prova é a foto com o rascunho todo sujo de molho shoyu do sushi que acabei comendo). Este post não poderia ser diferente de como está minha mente neste momento – reflexiva. Nada muito complexo, só aquele velho “balanço” mental que costumo fazer ao final de cada ano e início do seguinte.

Parei pra pensar que 2008 foi um ano de mudanças bruscas na minha vida. Nada melhor que um 2009 de reencontros: reencontro com Deus, redefinindo o amigo que Ele é pra mim; reencontro com pessoas que hoje se fazem fundamentais; mas principalmente reencontro comigo mesma. Por isso o título do post – IDENTIDADE.

Gosto de pensar na cena do meu nascimento assim: uma sala de cirurgia cheia de médicos, com minha mãe deitada, eu nos braços dela e Deus, no canto da sala, sorrindo e fazendo planos pra minha vida. Não que eu me ache muita coisa pra ter Deus tão presente na hora do meu nascimento, mas porque vejo que deve ter sido assim com cada um de nós. Sei que ao longo dessa minha caminhada de 27 anos (Ooops! Entreguei minha idade...) muitas vezes envergonhei meu Pai e Criador. Mas sei também que, apesar de já saber previamente de todas essas “pisadas na bola”, Ele projetou carinhosamente a minha vida para servi-lo e amá-lo acima de todas as coisas.

Um ponto importante que aprendi é que, durante toda a vida vamos ter pessoas tentando nos roubar, propositalmente ou não, a visão que Deus tem de nós, que é exatamente a que nós devemos ter de nós mesmos para aproveitarmos a vida abundante de que Ele nos fala na Bíblia. Tentam, muitas vezes com a melhor das intenções, nos dizer o que fazer, como falar, o que vestir, como pensar! Acaba que a nossa imagem original vai se distorcendo e chega uma hora em que nos olhamos no espelho e vemos uma pessoa totalmente diferente de quem somos. E o pior: passamos a achar que realmente somos aquela pessoa! Então vem Deus com Sua infinita misericórdia e cria oportunidades de “desembaçar” nosso espelho. 

Foi o que aconteceu comigo em 2009. Ele teve que me tratar intensamente e arrancar raízes profundas de pensamentos distorcidos que eu tinha sobre mim mesma. Acabou o ano, olhei pra mim mesma e perguntei: “Quem é você?”. Deus falou ao meu coração que esta sim era a Fabiana que Ele sonhou antes mesmo daquele dia do meu nascimento. (É claro que muuuuuitos ajustes ainda precisarão ser feitos, mas hoje sei que estou na direção certa). Enxerguei que o sacrifício de Jesus não foi por uma pessoa que se amoldaria aos padrões de todos aqueles que a cercavam, mas por alguém que Ele criou para ser livre a para ter o caráter e a personalidade moldados somente por Ele, pela Sua vontade a para Seu uso. Vi que é legal quando se deixa de ser tudo o que os outros querem que seja e passa a ser e se ver como Deus quer que seja.

Ô maravilha! Percebi que sou LIVRE pra adorar a Deus com a voz e a dança, e que essa adoração não tem limite de espaço, lugar ou tempo; que sou LINDA e isso não tem nada a ver com padrões de beleza ditados pelas revistas e gurus de moda; que sou ESPECIAL, porque Deus é tão criativo que fez cada um de nós num momento diferente, de um material diferente, com pensamentos diversos e para uma finalidade única. Enfim: estou me olhando no espelho mais limpo que há no mundo – o espelho de Deus. Encontrei minha identidade e, consequentemente, a maneira mais correta da correr a carreira que o Pai tem pra mim. E agora? Que venha 2010! No decorrer do ano quero ter muito mais a compartilhar com todos.

Amo-vos em Cristo!