Por dentro de quase nada, mas querendo mostrar o que há dentro de mim. Meu nome é Fabiana e às vezes escrevo coisas.

12 outubro 2009

Little voice inside


Às vezes falo sozinha. E tenho consciência de que qualquer declaração como esta divide opiniões entre "Caracas, que louca!" e "Nossa, pensei que só eu fizesse isso!". Para incrementar, declaro: também ouço vozes. Na verdade, UMA voz. É sempre o mesmo timbre, o mesmo tom imperativo e amoroso. Então, pra não deixar a voz falando sozinha, converso com ela. Não é o tipo de som percebido audivelmente; fala dentro de mim, ao meu coração. Então ela passou por uma série de apelidos - loucura, vozinha, grilo-falante, consciência, para enfim eu ganhar discernimento e saber que se tratava do Espírito Santo, ou seja, o próprio Deus morando dentro de mim e guiando meus passos.


Estou falando sobre ela não para ser julgada como normal ou anormal por quem quer que leia meu blog. Mas para contar o que aconteceu comigo na última semana. Ao contrário de muitos outros relatos que fiz aqui, não estou feliz ao escrever sobre isto. Mesmo assim senti vontade de escrever. Aqui vai...


Fui dar um passeio na Beira-mar com meus amigos numa noite dessas. Olhamos a feirinha, fizemos compras, comemos e, quando estávamos à porta do Subway esperando o resto do povo para irmos embora, algo curioso aconteceu. Um rapaz aproximou-se de nós, obviamente alterado (não sei se por álcool ou drogas), pedindo uns "trocados". Uma das meninas se assustou, não exatamente pela aparência maltrapilha dele, mas pela maneira brusca com que nos abordou. Percebendo, ele falou algo do tipo: "Desculpa, moça, não precisa se assustar. Eu sei que eu pareço um monstro...". Nossa. Aquilo me partiu o coração. Como uma pessoa pode ter uma auto-imagem assim, se todos nós sabemos que somos a imagem e semelhança de um Deus lindíssimo? "Nem todo mundo sabe, Fabiana". Ooooops! A voz falou. E continuou: "Fala de mim pra ele". E eu fui me afastando, pois meus amigos estavam indo embora. "Vai lá, fala do meu Filho pra ele". A voz insistiu. Sabe o que eu fiz? Fui embora. Afinal, todos estavam indo, eu já tinha tirado as moedas da bolsa e dado ao rapaz, já era tarde, eu estava cansada... enfim, fui me justificando de várias formas até chegar ao carro. Lá chegando, todos conversavam animadamente, mas minha maior vontade era chorar. Estava com vergonha de mim mesma, vergonha de ter ouvido Deus falar dentro do meu coração e eu ter fingido que não ouvi. Vergonha de ter deixado escapar a oportunidade de falar o quanto Ele tem me amado, o quanto Ele é bom e de como Ele nos faz ver como somos parecidos com Ele - lindos! Aquele rapaz precisava saber que era amado, que Deus o via como uma criação perfeita, mas eu fui incapaz de passar esta mensagem. Tenho vergonha até de estar postando isso aqui, mas eu precisava tentar "me redimir".


Ouvir essa voz, ter contato com Deus, com o Divino, o Ser Superior ou seja lá do que você esteja acostumado a chamar o meu Deus Altíssimo, não é privilégio meu. Não é um dom mediúnico, algo reservado para poucos escolhidos. É uma escolha. Há alguns anos escolhi caminhar em proximidade com esse Deus e Ele tem mudado minha vida, me feito amadurecer e enxergar as situações com mais discernimento. Tem me amado a ponto de eu me sentir acompanhada mesmo nos momentos de maior solidão. E, pra completar, FALA COMIGO, embora eu, como filha mimada e malcriada, faça "ouvidos de mercador" muitas vezes. O mínimo que posso fazer é compartilhar com outras pessoas a alegria que esse Deus me dá. Este blog é um instrumento para esta finalidade. Minha voz é outro instrumento. Agora peço sabedoria ao Pai para nunca mais desperdiçar o privilégio de ouvi-lo e obedecê-lo sempre que falar comigo.


Desculpa, Deus.