Por dentro de quase nada, mas querendo mostrar o que há dentro de mim. Meu nome é Fabiana e às vezes escrevo coisas.

16 dezembro 2007


“Não havendo bois, o celeiro fica limpo, mas pela força do boi há abundância de colheitas”. (Provérbios 14:4)

Há pessoas que, por medo, por apreensão ou mesmo por preguiça, desenvolvem a pretensão de sair desta vida “intactas”. Intactas no sentido de não sofrerem, não serem contrariadas, não terem grandes surpresas, não saírem de sua posição de acomodação e diplomacia. Com isso, acabam por desenvolver um caráter de neutralidade ou até indiferença com relação às mais variadas cenas da vida.

Conheço pessoas que temem relacionar-se. Não se aprofundam nas amizades, não cedem mais do que aquele limite de carinho com que estão acostumadas. Não ultrapassam aquela linha de fronteira que estabeleceram em suas próprias mentes e corações, evitando interações mais profundas com quem quer que seja. Tudo por medo de se magoarem porque, um dia, há muito tempo, investiram num relacionamento que não deu certo.

Há até mesmo quem, apesar de ter o coração cheio de sonhos ousados – pular de pára-quedas, ser astronauta, navegar pelos mares – nunca se aventuraria numa empreitada dessas, tão-somente por medo de machucar-se, mutilar-se ou morrer. Por isso deixa seus sonhos de lado e toca pra frente a sua vida como se nunca tivesse imaginado tais coisas.

Alguns não se arriscam na vida acadêmica ou profissional. A quantidade de conhecimento e experiência que têm, ainda que pouca, já parece ser o suficiente. Ademais, estudar, fazer cursos, reciclar-se, fazer hora-extra, parece muito trabalhoso. Com medo de perder o que já têm, estagnam-se na posição em que estão.

Na caminhada com Deus também ocorre isso. Muitos se conformam com o que já possuem; não sentem desejo de buscar mais, ou ignoram haver mais de Deus pras suas vidas. Por acomodação não se arriscam na oração mais fervorosa, no coração mais contrito, na meditação mais profunda. Chamam de loucos e com suposto respeito oram pelos missionários que largam tudo e saem mundo afora para falar de Cristo.

ARRISCAR-SE é a questão. O sábio, em seu provérbio, fala que o celeiro sem bois fica limpo. Em contrapartida, as terras pouco produzem. Aqueles que fogem das guinadas na vida mantêm-se estáveis – não sofrem grandes tristezas, mas perdem as grandes alegrias. Aqueles que não se arriscam em voar nas asas do Espírito, viver da graça e assim cumprir o propósito de Deus, podem até ter uma certa estabilidade, mas provavelmente nunca experimentarão o melhor que Deus tem a nos oferecer – Seu poder para fazer diferença neste mundo.

Creio que, num contexto cristão, os ousados têm mais a ganhar. Aqueles que olham para tudo o que já conquistaram em Deus e dizem: ”Senhor, eu quero mais! Eu sei que tu tens mais a me dar!”, sempre ganham o coração de Deus nesse sentido. Como diz o pastor André Valadão em sua música Obrigado Jesus: “É pouco, é muito pouco! Tem muito mais pra acontecer comigo! É grande, é muito grande cada promessa que eu tenho em Cristo”. Esse tipo de pensamento demonstra sede por parte de Seus servos. No entanto, aqueles que pensam já estar concluída a obra do Senhor em suas vidas, que não pedem mais, que têm preguiça de colocar o joelho no chão e clamar por seus impossíveis, esses ficarão estagnados, parados no degrau espiritual onde estão. Temos sempre que saber que “[...] Deus não dá o Espírito por medida” (João 3:34).

Neste provérbio, o Senhor tocou o coração do sábio para nos mostrar que sempre temos duas escolhas: 1) deixar nossos celeiros limpos e sem bois, ou seja, cruzar os braços e ver nossa vida passar, sem arriscar em nada, tentando sempre nos mantermos indiferentes; 2) ou criar os bois, que, mesmo sujando o celeiro, nos darão o fruto do seu trabalho, ou seja, nos arriscarmos sempre a fazer não a nossa vontade, mas a de Deus, mesmo não sabendo o que há de vir, mesmo sabendo que corremos riscos de rir ou de chorar, de sofrer ou regozijar-se, de cair, arranhar os joelhos, mas sempre levantar-se porque é a mão do Pai que nos sustenta. “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1:21).

Os riscos que Deus nos convida a correr são MARAVILHOSOS! Risco de viver intensamente o Seu propósito para esta geração escolhida para anunciar a volta de Cristo. Risco de experimentar um amor sobrenatural por pessoas que não conhecemos, mas a quem queremos alcançar com a Verdade. Risco de experimentar prodígios e milagres.

Viver de verdade é arriscar-se, é negar-se a si mesmo, tomar sua cruz e pagar o preço como Jesus pagou.