Por dentro de quase nada, mas querendo mostrar o que há dentro de mim. Meu nome é Fabiana e às vezes escrevo coisas.

24 julho 2007

Presentes ou presença?


“Agrada-te do Senhor e Ele concederá os desejos do teu coração” (Salmo 37:4).

É... Costuma-se recitar esse versículo tal qual um mantra. A ocasião é sempre a mesma: quando queremos obter alguma coisa de Deus – solução para os problemas, uma providência urgente, um bem, dinheiro. Apesar de recitá-lo todo, garanto que a nossa parte preferida é “concederá os desejos do teu coração”. Não estou acusando ninguém – eu sou assim, nós somos assim, a natureza humana é assim. Tendemos a estabelecer uns com os outros e com Deus uma relação de “escambo” – damos isso em troca daquilo. Damos a Deus a adoração que Ele “tanto quer” e Ele nos dá o que quer que o nosso coração deseje. Epa! Não é bem assim...

[Abro um intervalo aqui, porque lembrei de uma crônica de uma colunista da revista Veja, Diogo Mainardi, que recomendo demais! – Eles são Oba!, eu sou Epa!. Ele fala que esmagadora maioria de brasileiros são Oba! e muitos poucos Epa!. Vejo isso também no povo de Deus – muito “oba-oba” e pouco “epa-epa”. Digo o porque a seguir.]

Os crentes adoram as promessas de Deus. É Bíblia das promessas, caixinha das promessas, profecias de promessas, culto da prosperidade. Gostamos da “parte boa” dos versículos, da parte que agrada, que afaga o ego. Esse é o "oba-oba" do povo de Deus - a parte das bênçãos que o Senhor tem para os Seus. Muitos se acostumam com os presentes de Deus e não suportam a repreensão, ou o silêncio de Deus, ou as provações e tentações. Por isso, fui levada a refletir sobre o “agrada-te do Senhor”. Em minha mente, eu costumava interpretar como “agrade ao Senhor” – fazer tudo direitinho, pra Deus fazer o que a gente quer. Só que Deus não é Papai Noel. Agradar-se do Senhor é atingir um estágio de comunhão com Ele em que podemos, com sinceridade, dizer que o buscamos pelo prazer de estar em Sua presença, e não pelos presentes que Ele pode nos proporcionar.

Isso é tão difícil! Estamos sempre tentando obter algum favor de Deus. Em todas as nossas orações há pedidos demais e agradecimentos de menos. Se parássemos para meditar em Sua obra em nossas vidas, não teríamos tempo para tantos agradecimentos. E antes de nos ensinar a sermos gratos pelas Suas bênçãos, creio que Ele quer que aprendamos a ser gratos pelo simples (e tremendo) fato de estarmos vivendo em Sua presença.

Ensina-nos...

"Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios". (Salmo 90:12)

10 julho 2007

Louvando no deserto


“VINDE, e tornemos ao SENHOR, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele.” (Oséias 6:1,2)

Na primeira vez que li o livro de Oséias, confesso que não compreendi direito esse trecho. Não entendi por que o Senhor nos feriria. Entendo que o Senhor permitia ao Seu povo ser dominado e castigado no Antigo Testamento. No entanto, por viver na “Era da Graça”, não tinha o discernimento correto do que poderia significar isso em minha vida. Até acontecer comigo.

Vivemos debaixo de uma graça incompreensível. É tanto que temos dificuldade em exercitar a mesma graça que Deus nos dá com as pessoas ao nosso redor. Por tal motivo, somos levados a crer que, diante de nossas falhas, o Senhor nada faz, pois logo perdoa e esquece tudo. Mas lembremos o que nos diz Ele nos diz em Sua Palavra, em Apocalipse 3:19 – “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo”.

Acontece que Deus é tão gracioso que não permite que, como Seus servos, continuemos na condição espiritual medíocre em que nos encontrávamos quando nos convertemos a Ele. Para isso, Ele permite que sejamos provados, tentados, moldados. Logo no começo dos desertos pelos quais passamos, não entendemos. Sem motivo aparente, nos encontramos em estradas escuras, bifurcadas, no meio de um tempo trovejante. E nos queixamos com Deus: “Por quê?”.

“Pois tu, ó Deus, nos provaste; acrisolaste-nos como se acrisola a prata. Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste as nossas costas; fizeste que os homens cavalgassem sobre a nossa cabeça; passamos pelo fogo e pela água; porém, afinal, nos trouxeste para um lugar espaçoso.” (Salmo 66:10-12)

Eu estava assim – num deserto a perder de vista. Batalha atrás de batalha. Ainda não saí dele, pois Deus ainda tem muitas promessas a cumprir em minha vida e eu tenho que fazer a minha parte. Era aqui que eu queria chegar: o que é fazer a minha parte quando nada concreto pode ser feito? Não é uma questão de agir; é questão de se posicionar. Tudo o que vai acontecer no nosso “deserto espiritual” vai depender do tipo de atitude que tomamos diante dele. Podemos rastejar, sofrer muita sede e até “estacionar” sob o sol escaldante, pedindo para que Deus nos tire a vida. É o que mais dá vontade de fazer. Ou... podemos louvar a Deus durante todo o percurso, pedindo a Ele forças e nos alegrando sempre que Ele nos permite passar por um oásis. Fernanda Brum, em uma de suas músicas, diz: “O deserto é o meu lar...”. Vai ver que, no fundo, o deserto é mesmo o lar daqueles que querem sempre crescer em Deus, pois é no silêncio e na carência de todo conforto que somos levados a clamar mais, buscar mais a presença do Senhor e manter nosso coração mais sensível ao que Ele quer nos ensinar.

"Porventura não há bálsamo em Gileade? Ou não se acha lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo?" (Jeremias 8:22)

Descobri que o Senhor tem uma unção especial a derramar sobre todos aqueles que estão em tribulação e colocam essas dificuldades em Suas mãos, ao invés de ter pena de si mesmos ou murmurar. Se tomamos a posição de receber o que Deus tem a nos dar no deserto, Ele fará de toda sequidão um manancial! Ô, Deus maravilhoso!